Profissão: Repórter, de Michelangelo Antonioni
Em 1975, Antonioni filma Jack Nicholson/David Locke, um jornalista que desiste da sua vida, da sua profissão e da sua mulher, trocando de identidade com um morto que conhecera no deserto. É precisamente aqui que começa a sua viagem errática, fugindo do seu passado, que persiste em aparecer, e aproximando-se, tragicamente, do passado que a nova identidade lhe impôs. O encontro com Maria Schneider, cujo nome nunca saberemos, dá-se em Barcelona, por entre as suas ruas e os edifícios de Gaudí. Dou-me conta de como é raro, no cinema dos dias de hoje, uma cidade ser filmada assim: atente-se, por exemplo, no plano do teleférico, onde Nicholson parece voar sobre o mar, ou no plano filmado em plenas Ramblas, frente a um espelho, quando Nicholson se tenta esconder do seu antigo produtor.
E guardo na memória o belíssimo penúltimo plano/sequência de sete minutos que começa dentro do quarto de hotel, onde Nicholson repousa. A câmara movimenta-se lentamente para a janela, passando para o exterior e ao quarto interior retorna. Tudo, entretanto, acontece.
1 Comments:
Tudo isso num só filme?
Vou já ver a minha cópia que alguém me ofereceu.
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