segunda-feira, junho 18, 2007

2007 - Odisseia em S. João da Madeira

Já toda a gente se tinha retirado para o aconchego do leito, e restavam dois perdidos, dois tocados, dois amigos. O álcool já não era assim tão pouco, a serenidade a suficiente. Um daqueles momentos surreais, que fazem todo o sentido na hora, nunca depois.

(Contém Spoilers/Revelação de Enredo)
S: “Depois da cena da nave, com o tipo a andar à roda é que eles vão para o planeta onde está o monolito alienigena.”
L:”Mas não é no fim, quando ele faz aquela “viagem” e acaba na sala branca, com o feto ou alienígena, conforme a intrepretação?”
S: “É antes, ele toca no monolito, e a força extraterrestre manifesta-se.”

Arranca o DVD, e toca a (re)ver o 2001, em scan rápido – 4 X, 8 X.

L: “Os macacos. Aqui não há muito que dizer. A descoberta da inteligência, da humanidade, da consciência humana.”
S: “Que nos foi transmitido num contacto com o monolito extraterrestre.”
L: “É uma intrepretação, eu vejo o monolito mais como uma metáfora, uma imagem de humanidade.”

20 X, 100 X

S: “Pára aí! Já passaste!”
L: “ Porra, 100 X é demais.Vou pôr para trás.”
S: “Estás a ver, o gajo vai na nave para o sítio do monolito.”
L: “Pois é, estava imaginar esta cena no fim, depois do Hal.”
S: “O Hal é a seguir, eles tocam no monolito e há uma reacção, um forte zumbido agudo.”

20 X

S: “O monolito é que interfere com o HAL, que avaria e desata a matar toda a gente”.
L: “O monolito está nesta parte?”
S: “Aparece depois que o HAL é desligado, na parte paranóica. O monolito que aparece a voar, o gajo sai no módulo, persegue-o e vai bater à sala branca.”
L: “Está bem visto. Olha aí está uma coisa que eu não tinha associado, o monolito «avaria» o HAL”. “Para mim o monolito dá uma consciência ao HAL, algo de humano, algo que faz o HAL ter presente a sua existência e autopreservação, capaz de tudo por isso, capaz de mentir, tomar o poder, matar até”. Já vi várias vezes o filme e não tinha ligado o comportamento anómalo do HAL ao monolito, bem visto.”

S: “Esta parte não faz sentido nenhum, o gajo persegue o monólito naquela cena psicadélica, e vai bater à sala branca, sai da nave e vê um gajo na cama.”
L: “É ele próprio. Está mais velho. A viagem psicadélica é através do espaço e do tempo. É uma dimensão diferente.”
S: “É o gajo é. E agora ele já não está lá, está o monolito no lugar.”
L: “O monolito também é ele, como pessoa que ele é.”
L: “ Estás a ver, agora ele está muito mais velho e aparece o feto, não um alien, mas claramente um bébé pré-nascido. O ciclo da vida.”
S: “Depois acaba. Então, o monólito o que é?”
L: “Há coisas que são subjectivas, metafóricas, abertas a interpretações, como na arte abstrata ou em música instrumental. Já ouvi várias interpretações, mas para mim o monolito é claramente figurativo, representa o Homem; um objecto assim não se encontra na Natureza, é marca do Homem.”

L: “Queres saber o que é o monolito? O monolito é o conhecimento humano, a odisseia é a busca do conhecimento, termina com a comprensão do último dos conhecimentos, a lógica da vida e da morte.”

1 Comments:

At 1:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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