terça-feira, março 08, 2005

José Gomes Ferreira

Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.

Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guias
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas cobardias.

Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.

Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva.

1 Comments:

At 11:36 da tarde, Blogger MadLCP said...

Também eu, é nestes lugares que encontro sentimento, nem asas nem estrelas, nem flores sem chão, nem prendas ou lindas canções. Tão mais na cumplicidade e intimidade, dos medos e dos corpos.

 

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