quinta-feira, novembro 30, 2006


Parabéns p.! Esta canção é para ti!

A Face da P.


Parabéns

Parabéns P.!!!

segunda-feira, novembro 27, 2006

Homenagem a Catarina Friedlander

autografia

sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra

o meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: condenado
à morte!
os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que
existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
( antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa )
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
e eu o pico Everest
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
a terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera
Quanto ao de toda a gente – tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris – já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião – não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais – também, já por cá
passaram.
Eu sou, no sentido mais enérgico da palavra
uma carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde
passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnifica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha-férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
e é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-las semi-mortas à linha
E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou
em franca ascensão para ti O Magnifico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais
nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu
partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!

Mário Cesariny
In “Pena Capital”

domingo, novembro 26, 2006

Cadáver Esquisito



Mário Cesariny












Agosto 12523 - Novembro 12606

Juventude em Marcha, de Pedro Costa

[excerto da entrevista a Pedro Costa , Jornal Expresso de 25 de Novembro 2006]

Expresso: Juventude em Marcha está construído em torno de uma personagem: Ventura. Sentimos que ele tem a grandeza de um mito fundador.

Pedro Costa: Cruzei-me com Ventura várias vezes durante a rodagem dos filmes anteriores. Ele cumprimentava-me sempre ao fim do dia com uma delicadeza e uma elegência que me intrigavam.Nunca ousei aproximar-me dele, julguei-o inatingível. Pouco a pouco, fui descobrindo o seu passado. É um homem lendário no bairro: foi um dos seus alicerces e um dos seus maiores dramas. De certa maneira, é um homem destruído. Nasceu na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. Chegou a Portugal em 1972, sozinho. Deixou a mulher na sua terra e veio para trabalhar nas obras. Ventura revelou-me um pouco da sua solidão, os primeiros anos em Portugal, as dificuldades que passou, os seus amores furtivos. Foi um dos primeiros a construir uma barraca nas Fontaínhas. Comecei a acreditar nele, e ele em mim. Queria saber mais desses segredos antigos, mas nunca forcei a confidência. (...)

Expresso: Porque decidiu filmar a sequência no museu?

Pedro Costa: Um dia passo com o Ventura de carro, na Avenida de Berna, e ele diz-me "Fui eu que sentei ali o sr. Gulbenkian e o pinguim.". Referia-se à estátua de Calouste Gulbenkian com a figura do deus Horus. E o Ventura lá me conta que passou três anos a trabalhar ali, nos esgotos, a assentar as lajes do chão do Centro de Arte Moderna, a limpar o jardim. Nessa altura fizemos uma pequena visita ao museu, onde ele nunca tinha entrado. Imaginámos que ele encontrava mais um filho perdido que estaria a trabalhar no museu. Entrámos, pedi ao Ventura que escolhesse um quadro, ele apontou para "A fuga para o Egipto", de Rubens. Filmo o quadro, o Ventura olha para ele, mas o que se passa é que não é só o Rubens que ele vê, de facto. O Ventura vê também o cimento da parede que está a segurar o Rubens e que ele se orgulha de ter construído. Foi uma modesta solução que encontrei para dizer que o Ventura e todos os outros como ele têm tanto direito à beleza como nós.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Danificar a camisola e o clube!

A indiferença

Passo os olhos por este blog e pelos posts recentes e fico contente pelo que vejo!
Não importa que uns achem que são mais decididos ou outros que são mais racionais, outros julgam-se a si próprios.
O que verdadeiramente importa é que não somos indiferentes uns aos outros, se criticamos é porque as pessoas não nos são indiferentes, podemos não concordar com os seus pontos de vista ou com as suas opções, mas os que fazem não nos é indiferente.

Este blog serve-me muitas vezes para colocar aqui pensamentos e ideias minhas ou de outros, e sobretudo para durante a semana ir comunicando com aquelas pessoas com quem eu janto ao fim-de-semana, ou eu jogo futebol à terça ou passo férias, ou bebo copos , ou vou a funerais ou a casamentos ou a divórcios ou ao hospital ou ao raio que nos parta a todos. E quem são estas pessoas que falando mais ou menos com elas sabendo mais ou menos da sua vida pessoal?

São os meus amigos!

The Departed, de Martin Scorsese



Qual é a coisa de que menos gostei em The Departed? Quanto a mim, a infeliz tradução que resolveram fazer do título ("Entre inimigos"). Tudo o resto ( e o resto, aqui, é tudo) é muito bom, desde o magnífico Mark Wahlberg a Jack Nicholson, passando por Di Caprio, Martin Sheen e Mat Damon. Esqueci algum?

Filme directo, rápido, violento, com um final onde só apetece dizer: What the fuck ?Vai buscar.

E aplaudir, no fim.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública, para amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos



Robert Altman

Alteração da data do Grandioso Jantar



Para que toda a gente possa estar presente, a data do jantar será alterada, em princípio, para dia 9 de Dezembro de 2006 (sábado), por volta das 20H00, no restaurante Palhuça. A data poderá ser alterada, em função da vossa disponibilidade.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Profissão: Repórter, de Michelangelo Antonioni



Em 1975, Antonioni filma Jack Nicholson/David Locke, um jornalista que desiste da sua vida, da sua profissão e da sua mulher, trocando de identidade com um morto que conhecera no deserto. É precisamente aqui que começa a sua viagem errática, fugindo do seu passado, que persiste em aparecer, e aproximando-se, tragicamente, do passado que a nova identidade lhe impôs. O encontro com Maria Schneider, cujo nome nunca saberemos, dá-se em Barcelona, por entre as suas ruas e os edifícios de Gaudí. Dou-me conta de como é raro, no cinema dos dias de hoje, uma cidade ser filmada assim: atente-se, por exemplo, no plano do teleférico, onde Nicholson parece voar sobre o mar, ou no plano filmado em plenas Ramblas, frente a um espelho, quando Nicholson se tenta esconder do seu antigo produtor.

E guardo na memória o belíssimo penúltimo plano/sequência de sete minutos que começa dentro do quarto de hotel, onde Nicholson repousa. A câmara movimenta-se lentamente para a janela, passando para o exterior e ao quarto interior retorna. Tudo, entretanto, acontece.

Num dia de chuva, à pergunta "o que é uma metáfora?", Neruda respondeu:
O céu está a chorar

domingo, novembro 19, 2006

GRandioso JANTAR Ideias em escabeche





Quinta-Feira 23 de Novembro, vai-se realizar pelas 20H00 um grandioso jantar no restaurante Palhuça. Confirmações através de SMS ou comentários neste post.

E agora para algo completamente diferente...





http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_nomes_populares_para_a_vagina

sábado, novembro 18, 2006

Muitos Parabéns, Cláudia! Esta canção é para ti.


quinta-feira, novembro 16, 2006

Lee Friedlander [1934- ]


[1966]


[Canton, Ohio - 1980]


[Mount Rushmore, South Dakota - 1969]


[Las Vegas -2002]

quarta-feira, novembro 08, 2006

Parece que adivinhava

Estava a ver no Youtube alguns momentos de Jay Leno, no Late Night Show com David Letterman, quando se deparou a seguinte piada (traduzida e assemelhada):

Jay: Sabes David, a NASA vai enviar a primeira civil numa missão vai-e-vem para o espaço, e trata-se duma professora conceituada. – Pausa – Temos tão poucos professores em condições aqui, preferia que enviassem um professor fraquinho e deixassem os bons professores cá em baixo!

Jay referia o vai-e-vem pelo seu nome, Challenger.

domingo, novembro 05, 2006

A Senhora da Água, de Night Shyamalan



"(...)Depois, quando já a noite era muito noite, consegui finalmente tempo para ver o filme que mais queria ver. Night ou Shy, para os íntimos, Night Shyamalan para mim. Quando ele me começou a narrar, em desenhos animados, a história do diálogo interrompido entre as criaturas das águas e as criaturas das terras, lembrei-me de César Monteiro e de Borges, e do diálogo (também interrompido) entre as criaturas dos espelhos e as criaturas espelháveis. Enterrei-me na cadeira e deixei que me pegassem ao colo para ouvir a história da Senhora que se chamava História (Story) e que veio das águas, como se diz que os anjos vêm do céu. E só no fim do filme percebi que, naquela casa fruste, sobre uma piscina matricial e fronteira ao verde primordial, todos estavam por uma razão e todos estavam para uma razão. Ninguém a mais, ninguém a menos. (...)"
João Bénard da Costa
Público, 5/11/06

sábado, novembro 04, 2006

Espelho a 2





Esta não está no Kostophoto, mas estão lá outras.

sexta-feira, novembro 03, 2006

As sete artes - REPOST

Gostei deste post e achei interessante, daí o REPOST.

"Quais as Sete Artes?
Sendo o Cinema a Sétima Arte, quem nunca se questionou sobre as restantes seis?
Efectuar esta pergunta a alguém associado à área artística, representa enveredar num emaranhado de respostas pouco hegemónicas. Apesar da dificuldade em obter uma resposta satisfatória, um dado é autêntico: o cinema é apelidado de Sétima Arte, pois antes do seu nascimento eram reconhecidas seis artes. Mas quais?

Dos quatro pilares nos quais assenta a cultura humana (Arte, Mística, Filosofia e Ciência), a Arte é muito provavelmente a mais antiga a ser regularmente praticada pela Humanidade. A constatação é verificada entre os animais, quer nos seus cânticos ou inclusive nas peculiares pinturas feitas pelos primatas.

As matérias leccionadas nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas Artes Liberais, decompostas em Trívio (Gramática, Retórica e Dialéctica) e Quatrívio (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Juntas formavam as Sete Artes Liberais. Como é possível constatar, as Artes da Idade Média nada têm a ver com as Sete Artes do Século XX.

As Sete Artes são consideradas a Música, a Dança, a Pintura, a Escultura, a Literatura, o Teatro e o Cinema. Não existe uma hierarquia basilar (apenas o cinema ocupa uma posição conhecida, a Sétima), no entanto cada pessoa pode tentar ordená-las.Para mim a Música é a primeira, pois até no mundo animal ela é executada desde os primórdios. A Dança é praticamente indissociável da Música, logo virá em segundo. Após o aparecimento do Homo Sapiens, como as formas de expressão eram maioritariamente tácteis surgiu a Pintura e a Escultura. Na quinta e sexta posições teremos a Literatura e o Teatro, respectivamente. A Sétima Arte é o Cinema. ..."

Continua aqui

quinta-feira, novembro 02, 2006

Perfeição

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror De tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.

Excerto de Perfeição - Renato Russo

Expresso da patagónia




http://www.aveiroemfesta.org/xfiles/files1/prg2194_1.pdf

quarta-feira, novembro 01, 2006


Gabriel José Garcia Márquez, a quem os amigos chamam de Gabo, nasceu às 9 horas da manhã do dia 6 de março de 1928 na aldeia de Aracataca na Colômbia, não muito distante de Barranquilla. Seu pai, homem de onze filhos, tinha uma pequena farmácia homeopática, e seu avô materno era um veterano da Guerra dos Mil Dias, cujas histórias encantavam o menino. Costumavam levar o neto ao circo; às vezes se detinha na rua, como se sentisse uma pontada, e com um sussurro, inclinando-se para ele, dizia: "Ay, no sabes cuánto pesa um muerto!" - referindo-se a um homem que matara. Gabo tinha 8 anos quando esse avô morreu: "desde então não me aconteceu nada de interessante."

"O Melhor Cabrito do Distrito!"

Frase épica atribuída a um grande estadista Português da actualidade